O património arqueológico e histórico da antiga província da
LVSITANIA que surge à luz do dia é
bastante diversificado e valioso, apesar de não existirem grandes espaços
monumentais posso garantir que vestígios não nos faltam, encontram-se é
dispersos um por pouco por todo o lado e bem debaixo dos nossos pés. Motivo
suficiente para sentirmos pequenos nesta história? Óptimo, a ideia era essa.
Agora embarquemos nesta viagem rumo ao passado pelos trilhos dos romanos, e no maior
conjunto de dólmens e menires de toda a Península Ibérica, especialmente no distrito de Évora (referenciados 150 monumentos megalíticos), o Cromeleque dos Almendres (dos mais relevantes monumentos do género na Europa) e Anta do Zambujeiro (maior dólmen em Portugal), não ficará também indiferente aos muitos castelos e fortificações, mais ou menos preservados, vestígios de diferentes civilizações, culturas num recuo à
época dos Imperadores e das Legiões a um passado com dois mil anos de história, será uma
viagem no tempo marcada pela natureza e pelo património pelo Alto Alentejo.
A cidade de Évora é como um mil-folhas: camada a
camada, a cidade foi-se formando, desde há mais de dois milénios, que gentes
decidiram ocupar esta região para dela fazer o seu lar, a sua vida. Os
vestígios que hoje em dia sobressaem são relativos a monumentos megalíticos, à
grande conquista Romana, até à conquista Muçulmana, à reconquista do território
pelos cristãos e formação do Reino, alcançando a sua época dourada durante o séc.
XV quando se tornou residência dos Reis de Portugal, até aos dias de hoje, tudo
se torna claro neste emaranhado: uma cidade rica, carregada de história por
descobrir com o seu centro histórico considerado como Património
da Humanidade pela UNESCO desde 1986.
Comecemos a visita pela grande praça pública “forum e templo” bem no centro da cidade, estendia-se do limite sul do Jardim à Sé e do Palácio da Inquisição até ao Palácio do Cadaval, era dos mais importantes espaços públicos da cidade romana de Liberalitas Iulia Evora, local de excelência para qualquer cidade romana, de culto e de intensa actividade comercial, ponto de convergência da população onde se afixavam editais públicos ou eram lidos, em voz alta, os decretos emanados do senado, em Roma, modelo adoptado a partir de início do século I d.C. e data provável da sua construção, no centro um Templo dedicado ao culto imperial, símbolo da coesão do império, presentemente está mais consensualmente aceite que tenha sido dedicado à deusa romana da caça “Diana”.
Um outro ponto de interesse serão as
ruínas do complexo termal, construídas
entre os séculos II d.C./III d.C., e no interior da Câmara
Municipal de Évora localizada na Praça de Sertório, local lúdico e indispensável
para tratamento da higiene pessoal das massagens e relaxamento do corpo complementado
por um papel social e político enquanto espaços de relacionamento e convivência
dando respostas às necessidades muito próprias do “modus vivendi” romano, num ritual imprescindível e quase diário – o
costume do banho.
Da antiga muralha defensiva da
cidade alguns vestígios ainda subsistem, entre eles o Arco
Romano D. Isabel e antiga Porta da
Muralha, no entroncamento da rua Menino Jesus com a
rua D. Isabel, entre outras que existiam, a Porta do Raimundo, Porta do Machede e Porta da Lagoa.
Arco Romano D. Isabel - antiga Porta da Muralha Romana |
Porta do Raimundo - antiga porta da cidade |
Finalmente, nas imediações
do Convento São Bento de Cástris, seguindo por caminho de terra batida ao
Aqueduto Quinhentista da Água de Prata, a visualização numa das sapatas assente
em materiais diferentes de construção relativamente às actuais, apontando estarmos
em presença de fortes indícios de anterior aqueduto romano, resultado das
últimas sondagens arqueológicas e alvo de estudos científicos.
Local: interior das instalações das Estradas de Portugal
Acesso: circular de Évora (rotunda da Opel) contornar rotunda à direita e seguir placa indicativa Estradas de Portugal (rua Aníbal Tavares)
Ponte Antiga do Xarrama
Ponte Antiga do Xarrama
Estado de conservação: falta reconhecer
o local
Acesso: Évora (EN254), imediações ao aeródromo de Évora
Acesso: Évora (EN254), imediações ao aeródromo de Évora
Circuito I
Tourega (Évora)
Villa Romana de Tourega ou das Martas
No
sentido de Alcáçovas, a cerca de 12 km de Évora, as ruínas de uma villa romana, a data da ocupação entre séc. I d.C./séc. IV d.C.,
foi um importante estabelecimento rural na economia na região pela localização limítrofe
a Évora e apoio à via imperial que por aqui passava.
Vista do Edifício Termal |
Como
na generalidade das villas romanas,
era constituída pela área residêncial do proprietário (pars urbana), dos seus trabalhadores (pars rustica), pars
frumentaria (celeiros, estábulos, lagares de azeite) e edifício termal destinado a banhos privativos pois os banhos romanos sempre estiveram associados à cultura romana: para onde
quer que os romanos fossem, os banhos iam com eles, não se limitava a lavagem do
corpo, embora o asseio fosse o objectivo, mas uma mistura de diversas e
diferentes actividades: libertar suor, exercício, sauna, natação, banhos de
sol, jogos com bola, ser “raspado” e esfregado.
A nossa viagem incide somente ao edifício termal por um corredor que nos leva a um edifício com duas áreas aquecidas pressupondo-se tratar de um edifício
dotado com termas duplas, para homens
e mulheres, na sala do frigidarium com natatio (piscina)
para banhos frios, e salas tepidarium
e caldarium para banhos quentes aquecido por um sistema
de aquecimento assente sobre “suspensurae” (arcos) do “hypocaustrum” (aquecimento subterrâneo) sob os quais circulava o ar
quente produzido proveniente das “praefurnia”
e, sobre as mesmas eram colocadas as caldeiras, geralmente de bronze, a partir
das quais a água quente era conduzida às piscinas de água quente por canalizações
em chumbo, ainda no mesmo local as estruturas
de outro edifício de dimensões mais amplas que serviria para o armazenamento de
água.
A villa romana de Tourega, encontra-se aberta
ao público sendo para isso necessário solicitar as chaves de acesso na casa
junto da igreja, está classificada como Imóvel de Interesse Público.
Acesso: Évora/Alcáçovas (EN380) em Tourega
por caminho de terra batida cerca de 800 metros, situa-se nas traseiras de
cemitério
Ponte Romana?-Medieval de Alcalainha
Via romana: itinerário XII Lisboa-Alcácer do Sal-Évora-Mérida
Acesso: S. Brás de Regedouro (EN380) no cruzamento para a povoação, por caminho de terra batida, cerca de 3km
Valverde
(Évora)
Miliário Anepígrafo
Local: cruzamento anterior à Anta do
Zambujeiro por caminho à esquerda, cerca de 200 metros
Acesso: Évora/Alcáçovas (EN380) a
Valverde (CM1079)
Nossa Senhora da Boa Fé (Évora)
Ponte Antiga do Lagar da Boa Fé
Estado
de conservação: rural
Acesso: Évora/Santiago do Escoural (EN370) a Boa Fé ponte está sinalizada no interior da povoação
Acesso: Évora/Santiago do Escoural (EN370) a Boa Fé ponte está sinalizada no interior da povoação
S. Brissos (Évora)
Miliário Anepígrafo
Local:
Igreja Paroquial numa da extrema da
igreja
Acesso: Évora/Santiago do Escoural (EN370) a S. Brissos (CM1079-1)
Circuito II
Nossa Senhora d´Aires (Viana do
Alentejo)
A data da fundação da primitiva ermida que deu origem ao actual santuário perdeu-se na história. Perante tal facto, surgem duas teses esgrimindo cada uma delas seus argumentos: a primeira, atribuindo a sua fundação à Ordem do Templo, sustentada pela presença da Cruz de Cristo na capela-mor, a segunda, que através duma inscrição em latim, atribui a sua fundação ao lavrador Martim Vaqueira, que por voto, terá ordenado a construção na sua Herdade de Paredes. Esta Herdade de paredes está num outro debate histórico, uma vez que alguns estudiosos põem a hipótese que também este espaço religioso, nomeadamente a designação de Aires, terá emanado da hipotética existência da cidade romana de Ares, que a existir, teria existido no espaço desta herdade. Deste modo, o nome de Senhora D`Aires terá evoluído ao longo dos tempos, desde senhora de Ares até à sua forma actual. O Santuário de Nossa Senhora D`Aires é Monumento Nacional desde 2012.
Epitáfio de Letoides
Circuito III
Santa
Vitória do Ameixial (Estremoz)
Villa Romana
de Sta Vitória do Ameixial
A cronologia da villa terá sido ocupada a partir séc. I
d.C., como é documentado pelo aparecimento de uma moeda de Nero mas a
ocupação foi durante os finais do séc. III d.C.
a início do séc. IV d.C..
A área da villa romana engloba uma pars
rustica (instalações destinadas aos servos e escravos que trabalhavam a
terra), uma pars frumentaria (lagares
de vinho e azeite, celeiro e armazéns diversos), situar-se-iam na base da
elevação a norte, e uma pars urbana (área
residencial dos proprietários), com um peristylium
central com salas e corredores pavimentados a mosaicos, em torno desse peristilo, incluindo a cozinha e
compartimentos de apoio, e uma rede de saneamento e circulação de águas. Esta
área da villa estendia-se ao longo de
toda a elevação, descendo para oeste encontrando-se grande parte sob a
povoação.
O sítio arqueológico é Monumento Nacional, encontra-se protegido e encerrado ao público.
Acesso: Santa Vitória do Ameixial (EN245) está sinalizada à entrada da povoação
O sítio arqueológico é Monumento Nacional, encontra-se protegido e encerrado ao público.
Acesso: Santa Vitória do Ameixial (EN245) está sinalizada à entrada da povoação
Évoramonte
Miliário
dedicado a Crispo, Licínio
Júnior e Constantino II
Tratando-se de
uma visita ao interior da igreja, pelo facto, de que na maioria das igrejas e
capelas deste país encontram-se encerradas teremos de ter algum cuidado aquando
da deslocação a este local
Local: Igreja Matriz de Stª Maria (assenta a pia baptismal)
Acesso: Évoramonte (EN18)Outros vestígios romanos junto à Igreja |
Local:
Igreja Paroquial de Santa Ana – Monumento Nacional
Acesso:
Arraiolos (EN370),
desvio a Santana do Campo