A Lusitânia que convido a visitar é uma viagem no
tempo a uma região totalmente romana que, com o fim das guerras civis internas,
a partir do ano 27 a.C., no reinado do imperador Augusto e “criador” da Pax Romana, o Império Romano irá ter um
longo período de paz e de estabilidade durante quase dois séculos. A
pacificação total da Hispania,
designação dada pelos romanos à Península Ibérica, muito contribuiu para que a
vida quotidiana das populações se desenrolasse com paz, tranquilidade e
prosperidade, também será neste período de maior estabilidade que detalhes da
vida quotidiana daqueles que nos antecederam ficaram preservados para a
história, mesmo apesar de não existirem grandes espaços monumentais no nosso
território garanto-vos que vestígios não nos faltam encontram-se é dispersos um
pouco por todo o lado por vezes bem debaixo dos nossos pés. Motivo suficiente
para nos sentirmos pequenos nesta história? Óptimo, a ideia era essa, embarquemos nesta viagem pelos trilhos dos romanos nos estuários dos rios Tejo e Sado com enseadas
abrigadas envolvidas por terras ricas e produtivas como centro produtor de sal
e salga de peixe em Tróia e Setúbal, permitindo a fixação de diferentes
comunidades pré-romanas e romanas com as ruínas da cidade romana de Miróbriga
em Santiago do Cacém.
Em Setúbal como pontos de interesse de vestígios romanos temos o Pelourinho de Setúbal, na Praça Marquês de Pombal, verificando-se que os elementos que compõem o pelourinho, a coluna e o capitel são romanos, provavelmente, oriundos de Tróia, gratificante será recuar no tempo ao realizar a pé um troço da via romana que ligava Lisboa a Mérida de Setúbal em Casal das Figueiras (Bairro do Viso) na rua do Caminho Romano terminando em Grelhal, na denominada “Estrada do Viso”.
Praça da República - coluna e capitel romano |
Capitel romano |
Calçada Romana “Estrada do Viso”
Característica:
calçada sobre terra batida coberta
por camada de pedras talhadas
Via
romana: itinerário XII Lisboa – Alcácer – Évora – Mérida
Acesso:
Setúbal, no Casal das Figueiras (Bairro do Viso) rumo ao Grelhal (EN10)
Coordenadas: 38º 31´33.7” N 8º 54´52.6” W
Coordenadas: 38º 31´33.7” N 8º 54´52.6” W
Estação Arqueológica
do Creiro
Na estrada de acesso à praia do Portinho da Arrábida, encontra-se o que seria um complexo industrial de produção de salga e molho de peixe à base de cavala e muito apreciado entre os romanos denominado por garum, a sua ocupação é datada entre o séc. I d.C./séc. V d.C., é possível observar a unidade fabril, os armazéns e o edifício termal com a área destinada aos banhos quentes (caldarium e tepidarium) e frios (frigidarium), um pouco mais afastado, um poço indispensável ao bom funcionamento do complexo de preparados piscícolas que exigia um grande volume de água.
Tanques de salga de peixe (cetarias) |
Ficha técnica
Coordenadas: 38º 28´53.5” N 8º 58´36.7” W
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
13,1 kms
Duração da visita
30 minutos
Coordenadas: 38º 28´53.5” N 8º 58´36.7” W
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
13,1 kms
Duração da visita
30 minutos
Corroios/Seixal
Olaria Romana
Na sociedade
romana os artigos de cerâmica estavam presentes em quase todas as actividades
do quotidiano. Uma grande propriedade rural podia dispor da sua própria olaria
(edifício, fornos e matérias-primas) e contratar oleiros que ali se deslocavam
sazonalmente, seriam artesões livres para executarem as suas tarefas,
desconhece-se se era prática ou excepção sobre os regimes de propriedade e de
trabalho, ou modos de funcionamento das olarias.
Mas, em muitos
casos, como na Quinta do Rouxinol, as olarias assumiam-se como centros de
artesanato intensivo, provavelmente em laboração contínua, fabricando uma
grande variedade de artigos: materiais de construção (tijolos, telhas planas e
de meia-cana), recipientes de armazenagem, loiça de cozinha, ânforas ou
candeias de iluminação (lucernas). Instalavam-se na proximidade das fontes de
matérias-primas (argila, lenha e água) e centros de consumo tirando partido das
vias de comunicação disponíveis fossem terrestres, fluviais ou marítimas.
Os fornos
romanos eram de planta, aproximadamente, circular ou rectangular e, compostos
por duas partes sobrepostas separadas por uma grelha perfurada para facilitar a
circulação do ar quente: a câmara de cozedura e a câmara de combustão.
Na câmara da
cozedura eram colocadas as ânforas, loiça doméstica, telhas, tijolos e outras
peças empilhadas cuidadosamente sobre a grelha, após fechada, inicia-se o
aquecimento do forno queimando a lenha na câmara de combustão que pode atingir
temperaturas de 800º a 900º C. O arrefecimento do forno podia demorar dias, onde
a entrada de ar contribuía para a determinação da cor das peças: acinzentadas quando
rareava o ar; beije ou alaranjadas quando circulava em maior quantidade.
No primeiro
forno, ainda se conserva a câmara de combustão, em forma de pêra e um pequeno
corredor de acesso na zona mais estreita, denota-se três arcadas que
suportariam a grelha sobre a qual eram colocadas as peças, já não havendo
vestígios quer da grelha nem da câmara de cozedura.
No segundo
forno, semelhante ao primeiro mas a estrutura aqui está melhor conservada
também com três arcadas para suporte da grelha e a existência de pilar de
suporte a uma dessas arcadas.
O terceiro
forno limitado a pequeno fragmento da parede, para além dos três fornos, uma
pequena estrutura em forma de ferradura talvez de apoio ao segundo forno, para
cozedura de materiais mais sensíveis.
A olaria romana
da Quinta do Rouxinol produziu essencialmente ânforas e loiça doméstica, de várias
formas para diversas utilidades e, reprodução de lucernas para iluminação a óleo
colocado no interior ou azeite, embebido em pequenas mechas de fibras
entrelaçadas vegetais, saíam por um ou mais bicos e facilmente se inflamavam.
Ficha técnicaAbertura e
funcionamento
LocalCorroiosAcesso
Condicionado,
realizando-se apenas em contexto de acções pontuais em Programas de Iniciativas
acompanhadas pelo Serviço de Arqueologia, deve-se contactar previamente o
Ecomuseu Municipal do Seixal ou a Câmara Municipal do Seixal
Duração estimada da visita
2 horasClassificaçãoMONUMENTO NACIONAL
Ficha técnica
Coordenadas: 38º 38´42.9” N 9º 08´42.0” W
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
36,1 kms
Duração recomendada
2 dias
Rota I
Setúbal - Tróia – Alcácer do Sal
Tróia
Estação Arqueológica de Tróia
As ruínas romanas de Tróia são testemunho
de um grande complexo industrial de salgas de peixe construído na primeira
metade do século I d.C., provavelmente, durante a dinastia dos Júlios-Cláudios,
com o abandono por volta do século VI d.C., mas a sua decadência já se vinha
acentuando desde o século IV d.C. devido à desagregação do Império conduzindo à
progressiva deterioração das rotas comerciais e dos mercados consumidores.
Área residencial do complexo |
Este complexo com o seu desenvolvimento
veio a tornar-se um povoado urbano, para além das múltiplas “oficinas de salga”
também foi zona residencial, complexo termal, necrópoles, um mausoléu e uma
basílica paleocristã, de facto, este povoado banhado pelo Atlântico não foi um
ponto isolado mas parte de uma ampla cadeia comercial garantindo o fornecimento
de produtos e iguarias do mar e a excepcional produção de sal das margens do
rio Sado, fabricava-se peixe salgado e molhos de peixe, entre os quais o famoso
garum, pasta ou molho que servia para
condimentar os alimentos, obtida das vísceras de atum ou cavala misturadas com
outros peixes a que eram adicionadas ervas aromáticas, depois de acondicionados
em ânforas seriam levadas por barco para Roma e a outras províncias do Império.
Basílica paleocristã (direita), necrópole e mausoléu (fundo) |
Túmulos da família do proprietário |
Armazém e tanques de salga de peixe (cetarias) |
Entrada para acesso ao poço |
A villa
industrial possuía um balneário assegurando os banhos tanto aos proprietários
como aos trabalhadores, fossem eles livres ou escravos. As termas tinham numa
ala, a sala de ginástica (palaestra),
apodyterium, frigidarium e piscinas, e na outra, a parte aquecida, o tepidarium e o caldarium sobre hipocaustum,
zona subterrânea formada por arcos que sustentavam o piso superior ligada a uma
fornalha (praefurnium) que produzia o
calor.
Palaestra, apodyterium (direita) e frigidarium (fundo) |
Tanque do frigidarium |
Caldarium e praefurnium (fornalhas) |
Caldarium |
Pela esquerda, na entrada da área
arqueológica e não muito distante desta, ainda em fase de escavações estamos em
presença de uma terceira oficina de tanques de salga (cetarias), ao fundo o local dos fornos.
Todo o espólio arqueológico das ruínas está
em exposição no Tróia Golf (entrada gratuita).
Ficha
técnicaLocalTróiaAbertura
e encerramentoVisita
das ruínas ao longo do circuito com o acompanhamento de uma arqueóloga (tlf:
265499400)Março
a Maio e Outubro – 1º Sábado às 15,00hJunho
e Setembro – Sábado às 15,00h
Ficha
técnicaÉpoca
recomendadaTODO
O ANODistância
percorrida46,8
kms
Ficha
técnicaLocalTróiaAbertura
e encerramentoVisita
das ruínas ao longo do circuito com o acompanhamento de uma arqueóloga (tlf:
265499400)Março
a Maio e Outubro – 1º Sábado às 15,00hJunho
e Setembro – Sábado às 15,00h
Julho
e Agosto – Quartas e Sábado às 10,30hJaneiro
e Fevereiro – EncerradaDistância
percorridaFERRY
Duração
da visita
1h
30 minutosCoordenadas:
38º 29´09.0” N 8º 53´05.6” WClassificação
MONUMENTO NACIONAL e PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE PELA UNESCO
Ficha
técnicaÉpoca
recomendadaTODO
O ANODistância
percorrida46,8
kms
Duração
recomendada1
dia
Alcácer do Sal
A região de Alcácer
do Sal desde a Antiguidade foi local de forte presença humana como
demonstram os vestígios arqueológicos descobertos desde a Idade do Ferro, do
período Romano ao Muçulmano, da época Medieval Cristã à Moderna, até à época
Contemporânea.
Precisamente onde actualmente se ergue o Castelo de Alcácer do Sal num morro protegido e sobranceiro ao rio se implantou o núcleo populacional primitivo da Idade do Ferro que mais tarde depois com a ocupação romana também foi o local escolhido para a implantação da cidade SALACIA. Quando aqui chegaram os romanos o povoado já estaria romanizado e no decorrer do conflito opondo Pompeu e Júlio César a população ao aliar-se a Pompeu recebeu em troca por esse facto o estatuto de Direito Latino “Forum Romano de Salacia Urbs Imperatoria”.
A área geográfica da cidade encontrava-se muito para além do seu limite, controlando um território relativamente afastado de si, entre Setúbal a Grândola, num amplo vale de terras férteis permitindo uma agricultura diversificada, condições favoráveis para outras indústrias surgiram na produção de sal, no desenvolvimento da pesca e da indústria conserveira, garum (pasta de peixe), na produção de artigos em cerâmica e de materiais de construção (tijolos, telhas planas e de meia-cana), loiça de cozinha, ânforas ou candeias de iluminação (lucernas), muito contribuindo para uma intensa actividade comercial com outras províncias do Império da bacia do Mediterrâneo, proporcionada pelo rio Callipus (rio Sado) como via fluvial.
Precisamente onde actualmente se ergue o Castelo de Alcácer do Sal num morro protegido e sobranceiro ao rio se implantou o núcleo populacional primitivo da Idade do Ferro que mais tarde depois com a ocupação romana também foi o local escolhido para a implantação da cidade SALACIA. Quando aqui chegaram os romanos o povoado já estaria romanizado e no decorrer do conflito opondo Pompeu e Júlio César a população ao aliar-se a Pompeu recebeu em troca por esse facto o estatuto de Direito Latino “Forum Romano de Salacia Urbs Imperatoria”.
A área geográfica da cidade encontrava-se muito para além do seu limite, controlando um território relativamente afastado de si, entre Setúbal a Grândola, num amplo vale de terras férteis permitindo uma agricultura diversificada, condições favoráveis para outras indústrias surgiram na produção de sal, no desenvolvimento da pesca e da indústria conserveira, garum (pasta de peixe), na produção de artigos em cerâmica e de materiais de construção (tijolos, telhas planas e de meia-cana), loiça de cozinha, ânforas ou candeias de iluminação (lucernas), muito contribuindo para uma intensa actividade comercial com outras províncias do Império da bacia do Mediterrâneo, proporcionada pelo rio Callipus (rio Sado) como via fluvial.
A entrada da cidade fazia-se pela rua da Fábrica, seguindo
ao Convento de Santo António no Largo de S. Francisco, contornava a necrópole
de S. Francisco Frades até à base do morro do castelo numa área plana em frente
da Igreja Stª Maria, a sua grande praça pública fórum e edifício de caracter público, Templo ou Santuário de
planta rectangular, é possível observar-se algumas placas marmóreas revestindo
o pavimento, do lado sul, uma muralha destinada à contenção de terras da plataforma
onde outros edifícios se implantaram num dos lados menores, desconhecendo-se a
sua funcionalidade, podemos estar na presença da Basílica ou da Curia,
local de reunião do senado.
Cisterna
Romana da Fonte da Talha
Coordenadas: 38º 22´34.7” N 8º 30´50.0” W
Cripta
Arqueológica do Castelo - Museu Municipal Pedro Nunes
As obras de beneficiação do Convento de Nossa Senhora de
Aracaeli em pousada D. Afonso III, permitiu por a descoberto uma enorme
quantidade de ruínas da ocupação humana deste local de diferentes épocas, e
para quem aqui se desloque ao morro do Castelo a visita à cripta arqueológica é
imprescindível pela espectacularidade do património arqueológico em exposição, pela
diversificada riqueza do numeroso espólio em exposição composto por, cerâmicas,
epígrafes, moedas, objetos de adorno e vidros romanos correspondendo a uma das
mais importantes coleções a nível nacional. Inicia-se a visita à cripta com a visualização de um documentário,
na sala multimédia, sobre a história da ocupação humana de Alcácer do Sal.
Busto do imperador Cláudio |
Ficha técnicaAbertura e encerramentoManhãs: 09,30h – 13,00h (horário de verão: Julho e Agosto)Tardes: 15,00h – 18,30h (horário de verão: Julho e Agosto)Manhãs: 09,00h – 12,30h (horário de inverno: Setembro a Junho)Tardes: 14,00h – 17,30h (horário de inverno: Setembro a Junho)Encerra: Segunda-feira e FeriadosClassificaçãoMONUMENTO NACIONAL
Ficha técnica
Época recomendada
TODO
O ANO
Distância percorrida
46,8 kms
Duração recomendada
1 dia
Rota II
Setúbal - Santa Catarina de Sítimos – Torrão -
Grândola
Santa Catarina de Sítimos
Villa
Romana de Santa Catarina de Sítimos
A pacata
aldeia alentejana de Santa Catarina de
Sítimos possui um importante património histórico-cultural devidamente sinalizado
quando se entra na aldeia, contudo, facilmente se acede ao espaço arqueológico
porque está sem qualquer tipo de vigilância e protecção.
Originalmente era uma villa agrícola, datada dos meados do séc. I a.C. e terá perdurado até meados do séc. V/VI d.C., era uma importante estrutura económica na economia rural onde estava integrada pela localização perto a Salacia e do porto fluvial, mas principalmente, no apoio à via romana Alcácer do Sal a Beja.
Da observação do sítio arqueológico é possível ver uma “natatio” (piscina) e a escadaria de acesso ao seu interior, visualizam-se ainda vestígios do pavimento, ainda está por definir a finalidade, provavelmente, fazendo parte do complexo termal mais amplo da villa, ou como um espaço de culto pagão a Venus, deusa do Amor e Beleza.
Originalmente era uma villa agrícola, datada dos meados do séc. I a.C. e terá perdurado até meados do séc. V/VI d.C., era uma importante estrutura económica na economia rural onde estava integrada pela localização perto a Salacia e do porto fluvial, mas principalmente, no apoio à via romana Alcácer do Sal a Beja.
Da observação do sítio arqueológico é possível ver uma “natatio” (piscina) e a escadaria de acesso ao seu interior, visualizam-se ainda vestígios do pavimento, ainda está por definir a finalidade, provavelmente, fazendo parte do complexo termal mais amplo da villa, ou como um espaço de culto pagão a Venus, deusa do Amor e Beleza.
Ficha
técnicaCoordenadas:
38º 23´35.4” N 8º 25´55.9” WLocal
Santa Catarina de SítimosAcessoAberta
ao público e entrada gratuitaDuração
da visita
20 minutos
Torrão
Estação Arqueológica da Fonte
Santa
Neste
caso estamos perante um complexo
industrial ou edifício termal e
um tanque/piscina, a ocupação do
espaço é entre o séc. I d.C. e séc. V d.C., é suposto que se tratasse dum complexo termal pelos vestígios em
presença, um tanque, uma cisterna, um compartimento e uma conduta de
abastecimento de água.
Ainda nesta vila alentejana podemos recuar no tempo ao percorrer um pequeno troço da via romana que de Alcácer do Sal passava
na villa romana de Santa Catarina de
Sítimos rumo a Beja, são cerca de 400 metros localizados à entrada do Torrão,
na curva apertada (à direita) descendo para a travessia do rio Xarrama, onde
deveria existir uma ponte romana.
Coordenadas: 38º 18´03.4” N 8º 13´45.1” W
Grândola
Estação Arqueológica do
Cerrado do Castelo
A ocupação do lugar está datada entre o séc. I d.C. e séc. V d.C., a existência de apoio descritivo sobre a estação arqueológica ajudará o visitante na identificação do espaço e o mesmo sucedendo na visita à barragem romana.
Barragem Romana Pêgo da Moura
Ficha técnicaCoordenadas: 38º 09´18.4”N 8º 34´41.0”
WLocalPêgo da Moura, no
caminho para TR do Monte Cabeço do Ouro
AcessoGrândola, saída (IC1) para Santa Margarida da Serra (EN120)
na placa indicativa na estradaDistância percorrida3,0 KmDuração da visita
15 minutosClassificaçãoIMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO
Ficha técnica
Época recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
148,3 Kms
Duração recomendada
1 dia
Rota III
Setúbal - Santiago do Cacém - Alvalade
Santiago do Cacém
MIROBRIGA
Em Santiago do
Cacém e não muito distante desta, no cimo de uma colina, dotada de uma
localização estratégica outros povos desde a Idade do Bronze e do Ferro escolheram
este local para se fixarem na procura de segurança e bem-estar que o lugar lhes
proporcionava para si e para a sua família e gerações vindouras, criando um
povoado que mais tarde com a ocupação romana aproveitaram para também fundarem
a sua própria cidade, MIROBRIGA, no século I d.C. até ao séc. V
d.C..
Foi neste período
que se deu a revitalização do antigo povoado tornando-o na principal cidade
romana da costa ocidental a sul do Tejo, muito devido ao “estatuto de estipendiária” como Plínio a assinalou, ou
seja, povoado fortificado sem qualquer privilégio e que pagava imposto. A cidade
estendia-se por mais de dois quilómetros, a população fixa não deveria
ultrapassar os dois mil e quinhentos habitantes, comum às cidades de pequena
dimensão, tornando-se livres, submetidas como era usual a vários tipos de
imposições e cargas fiscais.
No decurso das dinastias imperiais do Flávios (69-96), no reinado de Vespasiano e seus dois filhos Tito e Domiciano, o quotidiano da cidade foi
intenso, com a obtenção do estatuto de direito latino ou romano “municipium”, confirmando assim uma
integração plena dos seus habitantes na cultura, economia e sociedade romana, o
impulso surge com as construções
do fórum, do templo e das "tabernae" (lojas) adjacentes e, mais tarde,
na
dinastia dos Antoninos o aglomerado urbano estende-se a zonas mais baixas
onde se edificaram os dois edifícios
balneares ou termais e o hipódromo, único existente em Portugal.
A vitalidade da cidade mantém-se até ao séc. III d.C., com uma
progressiva diminuição na segunda metade do séc. IV d.C., contudo, não se pode
falar propriamente de um colapso, apesar da crise interna continua a
verificar-se importações de cerâmicas de origem africana a que se juntam trocas
comerciais com o Mediterrâneo Oriental. O abandono definitivo ter-se-á
verificado após ter sido pilhada e incendiada em que as construções funcionaram
como matéria-prima para edificações seguintes medievais, para o castelo de Santiago
do Cacém.
Vista geral da área arqueológica |
Legenda
1 - escadaria de
acesso à calçada
2 - área habitacional, séc. I d.C. a séc. IV d.C.
3a - termas oeste, séc. II d.C.
3b - termas este, séc. I d.C.
4 - ponte romana, séc. I a.C.
5 - domus
6 - tabernae
7 - acrópole/fórum, séc. I d.C.
8 - templo central, séc. I d.C.
9 - templo de Venus, séc. I d.C.
10 - calçada romana
11 - capela de S. Brás
A entrada às ruínas da antiga cidade inicia-se pela zona habitacional
grande parte ainda por escavar, o acesso faz-se por uma larga escadaria, algumas
estruturas de habitações podem ser ainda observadas desenvolvendo-se uma calçada que funcionava como entrada à
praça pública, o fórum.
Área residencial |
Na Acrópole, o santuário centrado num Templo, dedicado a culto imperial, na praça pública, do lado esquerdo
ao templo principal, dois outros templos, um rectangular e quadrangular,
à direita, diversas estruturas de edifícios de apoio ao fórum, este seria o local de excelência de qualquer cidade
romana, de culto e intensa actividade comercial, ponto de convergência
da população onde
se afixavam editais públicos ou eram lidos, em voz alta, os decretos emanados
do senado, em Roma.
A sul do fórum, desenvolve-se a área comercial
constituída por diversas lojas “tabernae”,
de pequenas dimensões comunicando directamente
para a rua, uma calçada faz a ligação
do fórum e da praça pública a esta área comercial e a uma “domus”, admitindo-se que fosse de grandes dimensões em torno de um átrio que deveria ser porteado, esta domus tem sido identificada como sendo
uma hospedaria pela existência de vários
quartos e salas de refeições decorados com pinturas murais, datadas dos meados
do séc. I d.C., do período de Nero ou inícios do período Flaviano.
Tabernae a sul do forum |
Tabernae e escadaria de acesso ao forum |
Domus ou hospedaria |
A oeste, descendo a calçada romana irá desembocar nos dois complexos balneares da cidade, o primeiro edifício a ser construído
foram as Termas Este (séc. I d.C.), mais
tarde, devido ao desajuste da capacidade do primeiro foi construído um outro,
as Termas Oeste (séc. II d.C.).
Termas Oeste (séc.II d.C.) |
A entrada ao edifício das Termas Oeste
fazia-se por dois degraus, à esquerda, um corredor em forma de um L ao fundo
seria a latrina, em frente, uma porta
de grandes dimensões e uma soleira “in
situ” acede-se a sala ampla com duas divisões o apodyterium (vestiários) em ambos os lados, à direita, uma porta para
a parte superior a palaestra (sala de
ginástica). Em frente, por duas portas passa-se a uma sala rectangular dos
banhos frios, o frigidarium, com duas
natatio, uma de cada lado no topo, e
finalmente, a área destinada às salas dos banhos quentes composta por quatro divisões,
duas delas indefinidas, um tepidarium e
um caldarium, todas assentes sobre o hipocaustum, zona subterrânea formada
por arcos que sustentavam o piso superior ligada a uma fornalha (praefurnium) que produzia calor.
Entrada, latrina (esquerda) frigidarium (fundo) |
Latrina |
Palaestra (à esquerda) |
Frigidarium e tepidarium |
Contíguo às termas
Oeste está o edifício das termas Este, acedendo-se a ele descendo mais dois lanços
de degraus à porta de entrada, esta bem mais pequena relativamente à porta de
entrada das termas oeste, no interior pela direita, um
corredor dá acesso a uma divisão sem função específica e o mesmo sucede a divisória
de construção circular no topo, à esquerda, uma sala com longo corredor rectangular,
o apodyterium, e um extenso banco ao longo de toda a sala, por uma passagem no
topo, as salas de banhos, o frigidarium,
com uma natatio pavimentada mas
protegida, o tepidarium e o caldarium, assentes sobre o hipocaustum e fornalhas (praefurnium).
Entrada das termas Este (séc. I d.C.) |
Sala não definida |
Entrada para apodyterium (vestiário) |
Ponte Romana
Em local não aberto ao público, a cerca de
um quilómetro do aglomerado urbano, as ruínas do hipódromo, provavelmente, talvez o único em Portugal com uma
capacidade de 25.000 espectadores, datado do séc. II d.C.. Estes lugares encontravam-se sempre afastados por motivos práticos,
dada a grande afluência de público ao mesmo tempo entre a cidade e o local dos
jogos existissem também outras estruturas que habitualmente se desenvolveriam
junto aos núcleos urbanos, tais como, unidades fabris ou agrícolas e villaes. Ainda é possível detectar as fundações da Spina, os muros que definem a zona de
corrida e os cárceres, ou seja, compartimentos das cavalariças e dos carros
puxados por cavalos, relativamente, as bancadas do público devido a serem em princípio
de madeira já não existem.
Ficha
técnicaCoordenadas:
38º 00´37.3” N 8º 41´09.2” WAbertura
e encerramentoManhãs:
09,00h – 12,30hTardes:
14,00h – 17,30hEncerra:
Segunda-feira e Feriados
Duração
estimada da visita
2
horasClassificaçãoIMÓVEL DE
INTERESSE PÚBLICO
SinesComplexo industrial (cetarias)
Complexo de produção de salgas e molhos de peixe, um preparado piscícola “garum” condimento muito apreciado na
época romana, feito de sangue, vísceras e outras partes seleccionadas do atum e
cavala, era um edifício de planta rectangular, no seu interior um pátio de sete
cetarias, terá sido construído no século I d.C. mantendo a sua actividade até
ao século IV d.C.
Local:
Largo João de Deus
Coordenadas: ---
Alvalade
Ponte
Romana?-Medieval de Alvalade
Estado
de conservação: rural
Via
romana: Santiago do Cacém (Mirobriga) -Alvalade-Beja
Coordenadas: 37º 56´42.9” N 8º 24´09.0” W
Ficha técnica
Época
recomendada
TODO O ANO
Distância percorrida
145,8 Kms
Duração recomendada
1 dia
TODO O ANO
Distância percorrida
145,8 Kms
Duração recomendada
1 dia
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